quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Logo passa...

"Me sinto tão só
E dizem que a solidão até que me cai bem"




"Sofrer por amor não é novidade pra ninguém
Agora,
Sofrer por não amar, como que é?


Sim. Não amar


Não amar por estar cansado
De amar e não ser amado
De se descabelar enquanto o outro,
no máximo, observa.


Não amar por estar bem
Sem ninguém,
E sem contar você, não ter nada além;
Mas às vezes faz bem também.


Não amar porque não tem
A quem dar o seu amor
Daí vira tudo dor:
É no que o amor evitado se transforma.


A menos que se evite o amor
E a dor ao mesmo tempo.
Mas aí a vida perde a graça.


Quem não precisa de amor
Para estar feliz
Merece um prêmio.


Nem sei aonde quero chegar
Falando disso tudo.
Mas deixa, mais perdido que estou
Não ficarei.


Não ficarei.
Estarei por aí,
E quem me encontrar: sorte.
Estarei aqui, mas não ficarei...

É estranho, porque ninguém vive sem amor"



Ah, não ficou bom não. Não sei escrever poemas.
Prefiro escrever em prosa, mas agora já foi ;)

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Escrever...

"... salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador." Clarice Lispector
Adoro escrever. E quando não tenho o que dizer, é melhor ainda. Porque escrever sem compromisso, sem a necessidade de se fazer entender, fica mais bonito, mais livre. Basta sair por aí, voando. E quanto mais alto, melhor. Quando se escreve, não há o risco de cair. Pode-se fazer o que quiser, como quiser, quando quiser. Por exemplo, se eu quero colocar um ponto-e-vírgula aqui, eu coloco, assim; E ninguém vai reclamar. Não tem nada que seja mais livre.
Se eu pudesse desenhar o ato de escrever aleatório, seria mais ou menos assim: uma cabeça, no centro, depois um braço, de onde saíria uma mão, em forma de pinça, pinçando um contorno azul e disforme: o pensamento. É, seria assim. E poderiam ser vários pensamentos, um de cada cor. É, bem colorido, porque a vida já é muito cinza, e não há necessidade de ser ainda mais.Minha arte é escrever. E é como pintar. Só que eu uso o lápis como pincel, e os pensamentos como tinta, e qualquer coisa como tela. E você é o visitante da minha mostra. O bom é que, como escrevo do jeito que eu quero, você pode entender do jeito que quiser. E não está errado (aliás, o que é errado?).
Escrevo para não calar-me. Não no sentido da fala em si, mas de uma coisa mais subjetiva. Não gosto do silêncio da alma. Esse me dói. Porque é necessário arder, ainda que sem escândalos, ainda que lá dentro, no fundo de nossos pensamentos. É por isso que escrevo. Porque me recuso a estar apático diante da vida, diante das coisas. Recuso-me a observar sem olhos e a viver sem vida. É por isso.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Tempo?



"Tempo amigo, seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final"


Já reparou que o tempo tem se esgotado cada vez mais depressa?
Será que temos corrido demais com as coisas, não percebendo que, quanto mais corremos, mais rápido passa o tempo; ou terá ele - o tempo - resolvido passar mais rápido por nós, por puro capricho?
Fico com a primeira opção. Todo mundo faz tudo correndo agora... Foi-se a época em que sentávamos nas calçadas às tardes quentes no horário de verão e ficávamos a contemplar o sol a se esconder atrás das casas, na companhia de vizinhos e amigos...
Mas é culpa de quem (se é que há alguém a se culpar)? Ninguém, eu acho. O que acontece é que foi estabelecido - sei lá por quem (e talvez aí esteja o culpado) - que deve-se dormir 8 horas por dia - isso é indispensável -, trabalhar 8 horas por dia - isso é ainda mais indispensável - e aproveitar as outras 8 horas para fazer coisas que nos agradam (afinal, de que serve a vida se não nos der prazer?).
Se bem que essas oito horas "restantes" não são suficientes para tudo. Afinal, há uma infinidade de coisas a se fazer ainda: você deve ler bons livros - para não terminar caduco; deve sorrir para o vizinho chato, ainda que com o seu sorriso mais amarelo, porque o que vale mesmo é ser simpático e receptivo; tem que dar a ração do cachorro, fazer comida, mandar as crianças pro banho, assistir à novela - ou futebol (isso é sagrado hein!), ficar com inveja do corpo da protagonista, desejar um marido mais ativo do que aquele que está deitado no seu sofá ou uma mulher mais silenciosa que a que está na cozinha. Ah, você também não pode esquecer da data de aniversário daquele melhor amigo que não vê há quase dois anos, de assistir àquele filme que está na estante há pelo menos três dias (qual é o título mesmo?) e nem de ouvir aquele cd da melhor banda do ano que você ganhou de presente semana passada. Aí então, você poderá, com toda a justiça do mundo, deitar sua cabeça no travesseiro e, enfim, descansar.

;D

Alegria


Um pouco de Clarice, só pra começar...

"Puríssima e levíssima alegria. A minha única salvação é a alegria. Uma alegria atonal dentro do it essencial. Não faz sentido? Pois tem que fazer. Porque é cruel demais saber que a vida é única e que não temos como garantia senão a fé em trevas - porque é cruel demais, então respondo com a pureza de uma alegria indomável. Recuso-me a ficar triste. Sejamos alegres. Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma só vez sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade. Eu estou - apesar de tudo, oh, apesar de tudo -, estou sendo alegre neste instante-já que passa se eu não fixá-lo com palavras. Estou sendo alegre neste mesmo instante porque me recuso a ser vencido: então eu amo. Como resposta. Amor impessoal, amor it, é alegria: mesmo o amor que não dá certo, mesmo o amor que termina. E a minha própria morte e a dos que amamos tem que ser alegre, não sei ainda como, mas tem que ser. Viver é isto: a alegria do it. E conformar-me não como vencido mas como allegro com brio."

Só porque ela me toca a alma como ninguém...