"Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na cama"
Vingança. O prato que se come frio. O pecado que exige a virtude da paciência. Dizem que vingar-se não adianta, não é bom, que não e não e não. Mas das duas, uma: ou planeja-se uma vingança (e não há nada melhor do que maquinar situações que se aproximem daquilo que se sentiu na pele); ou então o destino - palavra estranha em seu significado abstrato e incerto - encarrega-se de tudo. O que prefiro? Que ela seja feita, por qualquer dos meios, mas que seja feita. Como justiça, por que não? Afinal, a lei do "olho por olho, dente por dente" é antiga, mas é válida. E se a violência pode ser usada para o bem - como em "V de Vingança" -, vingar-se pode ser algo frio demais, desgastante demais, mas e tudo que já se sofreu graças a atitudes alheias? Não conta? Abstrai-se? O que fazer com toda a raiva contida em detrimento de sermos pessoas benevolentes e caridosas? Joga-se fora? Não. Há que se canalizar todo o remorso para algo que valha a pena. Talvez não "valer a pena" no sentido de "ah tá, se eu fizer isso com você como você fez comigo, será anulada toda a dor e sofrimento pelo qual você me fez passar", mas no sentido de retribuir a ação que se sofreu. Não é tudo assim mesmo? "A toda ação corresponde uma reação, de igual força, direção, e sentido oposto". Então é natural. É necessária a vingança, para que haja o equilíbrio - ainda que isso revele que não somos tão bons e que o mundo não é tão belo assim. Afinal, se te fazem cócegas, você não ri? Se te deixam triste, você não chora? Se provocam a sua ira, você não vai se vingar?