quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pra Grazi

Quero o seu abraço quente esmagando todas as minhas costelas e tirando todo o ar dos meus pulmões enquanto seu pescoço e minha cara inchada de choro viram tudo uma coisa só. Quero soluçar no seu ombro e reclamar da falta de esperança que eu sinto. E quero que você me diga, me diga muitas e muitas vezes, como um mantra, que está tudo bem, que vai ficar tudo bem, que isso também vai passar. Quero que me diga que o sol vai brilhar no céu e vai me mostrar um dia lindo logo depois que a lua for parar do outro lado da Terra. Quero que me faça acreditar nisso, como se faz uma criança acreditar em Papai Noel, só pra que ela entenda um pouquinho da magia do Natal, se é que existe alguma magia no Natal. Me mostre a alegria de viver, é o que eu te peço. Vamos fazer uma troca? Serei o seu lado alegre, que faz a vida valer a pena mesmo quando você insiste em pensar que não, e você faz o mesmo? Me dê forças, meu bem. Me sinto fraco, exausto, triste até não poder mais. Eu quero seu sorriso pra me fazer sorrir também. E se possível, me presenteie com a sua risada mais sonora, de que só suas cordas vocais são capazes. Me faça companhia enquanto eu observo o mundo caindo aqui, me diga que não, que aquelas pessoas não são más, que sou eu quem está entendendo tudo errado. Acenda a luz, por favor. Estou cansado desse escuro; cansado de procurar sem efeito por qualquer coisa que me sustente enquanto recupero a minha vontade de vida. Me dê a mão, me leve pra um lugar bonito onde possamos ser algo mais do que alegres. Vamos juntos encontrar a felicidade?

terça-feira, 21 de julho de 2009

Tributo aos irmãos de alma

"Tenho mais do que eu preciso
Estar contigo é o bastante"

Amizade é uma coisa meio difícil de explicar - bem difícil, quase inexplicável. Mas a gente tenta.

Tudo que está entre nascer e morrer - essas coisas que invariavelmente você fará sozinho - só se torna realmente suportável ao lado deles. E não, você não sabe mesmo quando eles chegam, e nem de onde vêm: quando percebe, estão ali, fazendo parte dos seus dias, dos seus afazeres. Estão na sala de aula, estão na rua de madrugada, estão ouvindo música e compartilhando segredos contigo.

Porque amizade tem disso. É tão sublime e tão doce que tem a petulância de chegar devagarzinho, assim como quem não quer nada, querendo tudo. Então é preciso estar bem distraído, e não perceber que aquele cara de unhas pretas que uns dias antes você ignorou é um puta cara bacana; e, na falta de palavras que os aproximem, sorrir pra menina de cabelos coloridos encostada num canto brincando com o cachorro. Aí o tempo passa um pouco e assim sem querer você vê que poxa, eles valem a pena. Você precisa estar distraído e não pensar que aquele oi que não foi respondido pelo sorriso mais bonito não significava em nenhum momento que você estava sendo ignorado: era só um começo diferente pra um futuro tão bonito e cheio de gargalhadas e abraços que estava esperando pra acontecer.

E se você tiver muita sorte, vai perceber que eles são insubstituíveis e indispensáveis, antes que eles se tornem memória, antes que eles virem apenas - boas - lembranças e a tempo de poder fazer com que saibam disso antes que tenham que partir - para o lado de lá ou para longe ou para onde tiverem que ir.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Restart

"Se é que minha opinião importa, nunca é tarde demais, ou no meu caso, cedo demais, para ser quem você quer ser. Não há limite de tempo. Comece quando quiser. Mude ou continue sendo a mesma pessoa. Não há regras para isso. Pode tirar o máximo proveito ou o mínimo. Espero que tire o máximo. Espero que veja coisas surpreendentes. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com um ponto de vista diferente. Espero que tenha uma vida da qual se orgulhe. E se não se orgulhar dela, espero que encontre forças para começar tudo de novo."

/ O Curioso Caso de Benjamin Button


Estou começando tudo de novo. Não que não me orgulhe da minha vida. Mas tem hora que mudar faz bem. Espero que me faça bem. Espero amadurecer - sem que isso signifique endurecer. Espero continuar acreditando que o mundo pode ser melhor, e espero poder trabalhar mais em busca desse objetivo. Espero não perder a sensibilidade para as coisas simples, para os abraços apertados, para as palavras bonitas. Espero estar bem.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Canção da espera com fim.

"E mesmo assim eu sei tão bem
Existe alguém pra me libertar."



É como se esperar por você fosse triste e ao mesmo tempo bonito - sempre acho o triste inevitavelmente bonito (e quando acompanhado de nuvens ou chuva ou domingos escuros ou finais de tarde, ainda mais inenarravelmente belos).

Essa espera mórbida e deseperada e acompanhada de uma certeza de ter você. Ter mesmo. No sentido mais possessivo possível da palavra. E unir seu corpo ao meu como se fossem um só. E são, mesmo que a Física diga o contrário, mesmo que tudo diga o contrário - os astros, as cartas, as vozes, as conveniências, as falsas morais. E fica ainda mais bonito - sem ser triste - quando se nada ao contrário da correnteza. E fica mais forte por ter que ser mais forte, por ter que transpor essa barreiras bobas todas.

Isso tudo é uma contradição em termos, mas uma constatação em fatos. É inexplicável e eu tento explicar. Não para que se entenda, mas para que, simplesmente, se registre, para que não se perca entre outras coisas. Guardo porque merece ser guardado. Guardo para preencher a espera nos dias mais frios e para que se cubram as orelhas na falta de cobertores mais apropriados.

Mesmo assim ausente mais do que presente - fisicamente - é tão doce. Mais uma das inexplicações disso a que chamamos amar. E uma dúvida: será que se fosse a pessoa certa, seria tão doce? Seria tão presente? Prefiro insistir no erro e ver onde vamos parar - vamos parar?

Espero que não. Pontos finais estão fora de cogitação. Hoje, ao menos. E se vivemos só hoje - porque amanhã não existe e ontem já não é mais - então, nunca haverá um ponto final, porque não me canso de esperar. Porque o amor não é exigente, é paciente. E estou aprendendo a (con)viver com essa liberdade surreal e ininteligível para alguém que ama no sentido mais possessivo do amor. Porque aprendi a esperar, para poder ter o que há de melhor. E, mais importante do que qualquer outra coisa - para ser o melhor que posso ser. Isso é amar. E nunca é certo ou errado. Simplesmente é. Com tudo que pode ser. Sem misérias, sem pedaços, sem dúvidas: integralmente.

E poder dizer que eu tenho a você e que você tem a mim e que somos um só. É por isso que espero.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Canção da observação

"E se teu amor, por mais pedra, não voar, liberta tuas costas do peso que não carregas. Se teu amor, por mais pena, não mergulhar, vai-te banhar, e olha-te no olhar que não te cega. Se o teu amor te pesa mais que o mundo que carregas, degela, e deixa beber os deltas"
Por não ter o que fazer, ou dizer, ou interferir, ou entender, ou julgar: me calo. Deixo o peso de tudo a quem de fato merece carregá-lo. Lavo minhas mãos impregnadas de cheiros e de pecados indizíveis. Transfiro a carga pesada demais para costas já cansadas como as minhas àqueles que a merecem carregá-la.
Sempre tive comigo - ou nem sempre, mas de tempos pra cá - a máxima de que, ao passo em que minha vida não interessa a quem não cabe interessá-la, também não me interesso por quem ou pelo que não me diz respeito. Egoísmo? eu diria preservação. Individualismo? Eu diria defesa. Fraqueza? Eu diria o contrário. Por que? Não sei explicar. Talvez porque isso não se explique - apenas se entenda (a partir do momento em que se vive a vulnerabilidade de estar aberto a problemas que não são nossos).
E mais do que força, ignorar o que não faz diferença em nossas vidas é sinal de inteligência. Porque o importante é o que importa, e problemas - ou felicidades, ou alegrias, ou êxitos alheios - não nos importam, de fato. O egoísmo está mais naquele que divide suas dores, do que naquele que não se interessa pelos medos alheios, uma vez que o primeiro não tem o cuidado de resguardar a paz do segundo, jogando pra cima dele um peso que é todo seu.
Aquele que não sabe cuidar de sua paz está aberto e disposto a sofrer um sofrimento que não lhe cabe, e estar disposto a isso não significa deixer de sofrer ao passar a sabê-lo, nem tampouco significa que estamos sendo altruistas e benevolentes.
Por isso abro mão de tudo que não me pertence. Por respeito a mim, por não desejar a óbvia e menos interessante condição de sofrer mais - e com inquietações que não me pertencem -, por inteligência. Me calo, não emito opinião a respeito: porque minhas dores já me são suficientes - até demais.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Canção do Abraço

"Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo"

Um abraço. O gesto de mais amizade, que deve-se guardar para poucos; que nem todos merecem. A hora em que as leis da Física ficam pra lá e dois corpos ocupam sim o mesmo espaço. Quando um tenta entrar dentro do outro e ambos viram um, completamente completo, todos os espaços preenchidos e todos os vazios cheios de vida e de apertos que doem as costelas e de gritos abafados pela falta de ar e de risos penetrantes nas orelhas que estão nas bocas alheias. E nesse polvo de oito membros e duas bocas, o que menos há é o veneno de defesa. Pelo contrário, doa-se completamente - de corpo, de alma -, abre-se os braços e se faz um país.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Mesmo se

"Já que você não está aqui
O que posso fazer
É cuidar de mim"

Eu posso acordar, te dar um beijo de bom dia e dizer que te amo, mesmo se você estiver longe. Eu posso fazer um café forte pra nós dois, abrir a porta, olhar o chão laranja de sol e te dizer que o dia está lindo, mesmo se você estiver longe. Eu posso sair e comprar um presente e voltar e te entregar e dizer que achei a sua cara e esperar o seu sorriso bonito brotando entre os lábios, mesmo se você estiver longe. Eu posso ter ataque de ciúme e perguntar quem é aquela e ter raiva de você, mesmo se você estiver longe. Eu posso te abraçar e pedir desculpas e voltar a te amar como nunca, mesmo se você estiver longe. Eu posso arrumar a sala e colocar o seu filme preferido pra vermos juntos, mesmo se você estiver longe. Posso estourar pipoca e te levar no sofá, encher seu copo de Coca-Cola ou guaraná e perguntar o que mais você quer, mesmo se você estiver longe. Posso fazer o almoço e prometer que lavo a louça enquanto você cochila, e depois ir te acordar com um beijo e perguntar se descansou, mesmo se você estiver longe. Eu posso te ouvir a tarde toda me contando suas neuras e pedindo meus palpites inúteis mesmo se você estiver longe. Eu posso te dar parabéns no seu aniversário ou na sua promoção, te convidar pra uma volta ou um jantar, mesmo se você estiver longe. Posso te dar flores ou chocolates quando eu quiser, posso pedir um pouco da sua atenção, posso te ler um poema e te chamar pra festa surpresa de algum melhor amigo, mesmo se você estiver longe. Posso te dar o meu beijo mais quente, ou meu carinho mais gentil, te dizer as palavras mais doces ou mais eróticas ao pé do ouvido e te ver arrepiar-se e sorrir, mesmo se você estiver longe. Eu posso te chamar pra cama e usar o seu perfume favorito, e depois, com a sua porposital demora, me irritar e mudar de idéia e bater a porta ao sair e ver você vindo atrás de mim, mesmo se você estiver longe. Posso andar mais devagar até você me alcançar e te abraçar antes de qualquer palavra e posso voltar contigo pra casa no meio da rua de mãos dadas no escuro banhado de lua, mesmo se você estiver longe. E posso abrir a porta às pressas, com suas mãos na minha cintura e rir com você da minha idiotice e corrermos juntos para o quarto e nos jogarmos na cama e eu te dizer te amo boa noite durma bem, mesmo se você estiver longe, mesmo se você não estiver aqui. E você não está.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Canção da Alegria

De onde vem tanta alegria? Por que ela não tem meu endereço? Por que ela não chega aqui, no meu canto? Ela tem medo de água? Ela tem medo de vento? Ela não sabe nadar? Ela não chega na minha ilha, por quê? Ela tem medo da gente que não sabe ser feliz. Ela tem medo dos que querem, mas não conseguem. Ela se esconde de quem a procura. Ela se esconde de quem precisa, de quem não a encontra em qualquer lugar. Ela está de férias numa praia longe, num dia de sol e música alta, se bronzeando e tomando água de coco. Ela tem medo de quem pensa muito, em medo de quem chora muito, tem medo de quem precisa entender muito, tem medo dos que ão tem nada. Ela tem medo dos que precisam se recolher, dos que precisam continuar em seus antos escuros ouvindo suas músicas tristes e calmas em som baixo quase sussurrado. Ela tem edo do escuro, tem medo dos que se guardam. Ela tem medo dos que tem medo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Alô?!

Nunca experimentei o que você me deu hoje. E tem sabor de maracujá. Daquele doce que se come com a colher. E meia dúzia de palavras jogadas entre silêncios que diziam tudo só me fizeram te amar mais, se é possível amar-te mais. E o susto entre a espera e a certeza, o nada e o toque do telefone... É mesmo tão doce... E tremer por muito tempo depois. De excitação, de prazer, de graça, de todo sentimento bom. Do dia mais feliz da semana, do mês, e - por enquanto - do ano. Sim, fico feliz com pouco. Mas o que vem de você nunca é pouco. É sempre muito, e sempre completa, sempre desperta em mim as melhores sensações, os melhores sentimentos, mais puros, mais doces, mais cheirando maracujá. E só um telefonema. Simples assim, único assim, inesquecível assim. Doce, como poucas coisas são. Como você é.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Só o doce

"Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim..."

Então te amo, mas não te quero. Fico só com a parte doce. Porque de amargo já basta o resto. De você, se é que tenho o direito de querer algo, quero o doce, o leve, o simples. E só.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Sorria, você está sendo leve

"E amanheça brilhando mais forte que a estrela do norte que a noite entregou..."

Ser forte é conseguir abrir um sorriso sincero, autêntico, ainda que meio amerelo e um tanto discreto, mesmo que tudo esteja desmoronando em volta. Não é rir da desgraça - nem sua nem alheia - porque isso é hipocrisia, e não força, porque isso é irresponsável e não tem a menor graça.

Rir para ser doce, e não como opção ao choro - que é necessário também. Rir para ser mais leve, rir para abstrair - mas não para fingir o que não é. Porque amadurecer não é e nunca deve ser sinônimo de endurecer.

Procurar o famoso "lado bom" que há em tudo. E transformá-lo em força para construir tudo de novo. Rir para a solidão - mas sem desrespeitá-la. Rir para que nada tenha um peso tão grande, para que a vida se torne suportável. Rir para contagiar, para lavar a alma das coisas e dos seus lados ruins.

Rir dos dias de chuva, pesados como só eles sabem ser. Rir dos domingos, incompreensíveis e melancólicos como só eles sabem ser. Rir, não para parecer bobo, e nem para parecer nada. Rir para amenizar, porque às vezes chorar não adianta - e enruga. Rir para, aos quarenta, não parecer ter mais que trinta.

Então vista seu melhor sorriso, abra a janela e abra os braços pro dia, venha ele como vier. Porque ele virá, independente de choros e risos, e ele terá o peso do mundo, se você desejar. E ele será leve como a luz ou o orvalho da manhã, se você rir.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Das dores

"Canto pra esquecer a dor da vida
Sei que o destino do amor
É sempre a despedida"

Então, hoje, prefiro não te amar - se é que isso é passível de escolha - para não ter que me despedir de você. E prefiro não amar a quem quer que seja. Porque partidas são dolorosas demais para mim, hoje.

Porque hoje não posso, e não consigo, conviver com essa dor. Me é insuportável. E por ser assim, escrevo. Escrevo para preencher o vazio que a falta de um amor me faz.

Escrevo para preencher o vazio que a falta da dor da partida me faz. Escrevo para não doer.

E te conto, e conto para quem quiser saber, que hoje não suporto a dor que tudo me traz. A dor que vem acompanhando cada pedaço do dia, cada raio do sol, cada palavra, cada pergunta. "Está tudo bem?". "Sim, está". Para poupar de explicações e consequentes novas dores vindas de lembranças de partidas que já foram e que não devem doer mais - mas doem.

E procuro, insanamente, diga-se, em todos os cantos escondidos e empoeirados e esquecidos, alguma parte doce, ou ao menos insensível, que não partilhe das dores de tudo.

Dores que me assaltam assim que abro os olhos nas manhãs, mas que, apesar de tudo, não me deixam triste. Nem alegre, claro. Mas não me deixam triste, e isso já é algo bom. Porque me protejo do que pode me ferir atrás de uma bolha de apatia que me deixa ver a tudo, mas não sentir nada. Porque aprendi a ver os dias sem cores. Nem cinzas, nem arco-íris. Sem cores, porque dói menos.

Ou pelo menos porque deveria.

sábado, 3 de janeiro de 2009

"Se isso não é amor...

...O que mais pode ser?"

Afeto, carinho, carência, vazio, raiva, indecisão, insegurança, dor, vingança, prazer, satisfação, momento, ódio, saliva, cheiro, toque, movimento, preenchimento, necessidade, sorte, azar, ausência, dó, tédio, apatia, rancor...


"Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva..."